Anália Franco

Retrato de sua epóca, Anália Franco imagoi
Retrato de sua época, Anália Franco

Nome: Anália Emília Franco Bastos
Nasceu: 1 de fevereiro de 1853, Resende, Rio de Janeiro
Signo: Aquário
Altura: 1,65m aprox.
Peso: 78kg aprox.
Fortuna:
Olhos: Pretos
Calçado: 37 aprox.
Nacionalidade: Brasileira
Criança: Não gerou nenhuma criança
Cônjuge/Marido:
Ocupações: Jornalista, poetisa, professora e escritora
Faleceu: 20 de janeiro de 1919, aos 65 anos na cidade de São Paulo, SP causada por uma gripe espanhola

 

Vida pessoal

Anália Emília Franco Bastos foi jornalista, professora, escritora, poetisa, e filantropa brasileira. Em 62 anos de vida, fundou mais de setenta escolas, vinte e três orfanatos, dois internatos, um centro de reabilitação para mulheres, uma banda feminina de rock, uma orquestra, uma trupe dramática, e vários escritórios fabris em vinte e quatro cidades rurais e capitais.

Em São Paulo, onde passou a residir definitivamente a partir do ano de 1898, fundou também em 1901 uma importante instituição de apoio às mulheres chamada Associação Feminina Beneficente e Instrutiva, onde teve seu edifício demolido pelo Patrimônio Histórico de São Paulo. Posteriormente, o bairro Jardim Anália Franco, na leste paulista, foi batizado em sua homenagem.

Junto com seu trabalho social, também é autora de uma longa lista de obras literárias, incluindo “O Novo Manual Educativo”, um livro sobre o processo educacional, “A Égide Materna”, “A Filha do Artista” e “A Filha Adotiva”, esses do gênero romântico, inúmeras produções teatrais, e uma série de poemas, incluindo “Hino a Deus”, “Hino a Ana Nery”, “Hino a Jesus”, “Minha terra” e outras obras.

Vítima da gripe espanhola de 1918, que se espalhou por toda a Primeira Guerra Mundial e atingiu o Brasil em meados de agosto do mesmo ano, Anália faleceu em 1919 quando se organizava para uma viagem ao Rio de Janeiro com o intuito de criar mais uma instituição, nomeado Asilo Anália Franco, planejada após o falecimento de seu marido, Francisco Antônio Bastos, com quem casou-se em 1906.

Foto de 1921 do Asilo Anália Franco fundada pela escritora e mantido pela Associação Feminina Beneficente, onde, na época, estavam reunidas 200 criança imagoi
Foto de 1921 do Asilo Anália Franco fundada pela escritora e mantido pela Associação Feminina Beneficente, onde, na época, estavam reunidas 200 criança

Biografia

Anália Emília Franco nasceu em uma família católica, em 1853. Ela era a irmã mais velha de Antônio Mariano Franco e Ambrosina Franco e filha do paulista Antônio Mariano Franco Junior e da pernambucana Teresa Emília de Jesus, sua mãe.

Antes de completar oito anos, a escritora residia em Resende, sua cidade natal, o Rio de Janeiro, educada por sua mãe, que era professora. Se mudou com sua família para o estado de São Paulo em 1861.

Anália e sua família viveram em várias cidades, especialmente no interior, antes de se estabelecerem definitivamente na capital paulista, o que só aconteceu no ano de 1898.

Aos 15 anos, em 1868, começou sua carreira no magistério e mais tarde obteve autorização para exercer a função de professora primária. Naquele período, ela trabalhava como ajudante de sua mãe, que também colocava dedicação a esse ramo de trabalho.

Foi aprovada em um concurso legislativo na capital em 1872, mas permaneceu no interior. Essa escolha deveu – se, sobretudo, ao fato de que optou por apoiar uma causa social e aliar – se a um problema que se avolumava em decorrência da Lei do Ventre Livre, reconhecida em 28 de outubro de 1871.

Todas as crianças nascidas de mulheres escravas tornaram-se livres por meio dessa lei, mas permaneceram sob o controle dos mais velhos de suas mães até os oito anos de idade. Como resultado, os agricultores abusaram e abandonaram essas crianças por não ter um retorno financeiro nessa situação.

Em resposta a essa circunstância, Anália mobilizou e assumiu o papel desses expostos, que foram rapidamente expulsos das fazendas e frequentemente transformados em mendigos.

Como resultado, ela usa sua competência de escritora para escrever cartas para mulheres agricultoras pedindo-lhes que acolhessem essas crianças carentes e abandonadas. Paralelamente, estava sendo criado um local chamado Casa Maternal para abrigá-los.

Anália Franco juntamente com o corpo docente e alunas do Lyceu Feminino da Associação Feminina Beneficente e Instrutiva, em São Paulo imagoi
Anália Franco juntamente com o corpo docente e alunas do Liceu Feminino da Associação Feminina Beneficente e Instrutiva, em São Paulo

Em seguida, é expulsa do local onde havia se instalada a Casa, tomando a decisão de se mudar para São Paulo, onde fundou outra escola pública e um abrigo para crianças. Com o apoio do grupo de abolicionistas e republicanos, ela conseguiu estabelecer mais dessas instituições em todo o estado.

Com a abolição da escravatura e a proclamação da República brasileira em 1888 e 1889 , o ofício de Anália evoluiu ainda mais, e ela conseguiu estabelecer dois colégios gratuitos para meninos e meninas. Depois de já ter colaborado em revistas femininas como “A Família”, “A Mensageira” e “O Eco das Damas”, ainda nesse mesmo ano criou sua própria revista nomeada “Álbum das Meninas”.

Foi também nessa época que ela se firmou na capital de São Paulo e passou a residir permanentemente. Anália Franco funda a Associação Feminina Beneficente e Instrutiva em 1901 para apoiar mulheres e crianças. Esta organização durou até 1919, até seu falecimento.

A escritora tinha o apoio de vinte senhoras e fez seu lançamento no dia 17 de novembro do mesmo ano. Com este projeto foram construídas mais escolas de educação infantil e primária, além de creches, bibliotecas, escolas noturnas, oficinas profissionalizantes, asilos, liceus, abrigos, centros de tratamento médico e oficinas.

Também resultou na criação do albergue diurno para crianças de mães jornaleiras, um dos membros da AFBI. A instituição Liceu Feminino foi fundado em 1902 com o objetivo de formar e preparar professores para administração e instrução em suas escolas.

Muitos livros, folhetos e artigos sobre a infância e o processo educativo foram publicados nesse período dos cursos, inclusive O Novo Manual Educativo, que aborda a juventude e adolescência.

No ano de 1903, começou a publicar uma revista mensal chamada A Voz Maternal. Em 1911, obtêm a Chácara Paraíso, com 75 hectares de terra que pertenciam ao padre Diogo Antônio Feijó, que serviu como imperador do Brasil de 1835 a 1837, apesar de carecer de recursos financeiros.

Nesse local, foi fundada a Colônia Regeneradora D. Romualdo com o intuito de regenerar várias mulheres tidas como “desprezadas”, como prostitutas ou mulheres que conceberam ” fora do tradicional”, por exemplo.

Associação Beneficente Feminina e Instructiva fundada por Anália Franco. Prédio demolido pelo Patrimônio Histórico da cidade de SP imagoi
Associação Beneficente Feminina e Instrutiva fundada por Anália Franco. Prédio demolido pelo Patrimônio Histórico da cidade de SP

A expulsão da Casa Maternal

A localização da Casa Maternal, primeira escola pública fundada por Anália Franco, foi concedida por uma das fazendeiras para a qual ela havia enviado cartas pedindo ajuda em nome das crianças, que estavam separadas dos pais. A casa se situava em Jacareí, no norte de São Paulo, havia dado a eles de graça, mas com a condição de “não misturar negros e brancos “.

Anália rejeitou a proposta e a oferta, então teve que pagar uma auxiliar para ficar na casa e aceitar qualquer criança ali sem discriminação ou distinção racial. Mesmo após receber o pagamento da residência do professor, a fazendeira reclamou que o local estava sendo convertido em albergue.

Valendo-se ao prestígio do marido, um respeitado coronel, ela conseguiu retirar Anália Franco daquele local. Diante das circunstâncias, a professora tomou a decisão de viajar para a cidade de São Paulo, onde fez a locação com o próprio dinheiro uma velha casa e anunciou a existência de uma vaga no jornal local.

A despesa consumia cerca de metade de seu salário, deixando recursos insuficientes para a alimentação das crianças. Como resultado, ele não bambeou em pedir esmolas nas ruas.

“O comportamento, insólito para a época, de uma professora espírita proteger negros, filhos de escravos, pedir esmolas pelas ruas em pleno regime monarquista, católico e escravocrata, gera um clima de antipatia e rejeição entre os moradores da região ante a figura daquela mulher considerada perigosa, e seu afastamento da cidade já é cogitado, quando surge um grupo de abolicionista e republicano a seu favor”

Retrato de Anália Franco ainda na juventude imagoi
Retrato de Anália Franco ainda na juventude

Importância social

Apesar de viver uma época em que as mulheres tinham pouca voz na vida pública e nenhum espaço na sociedade, Anália se destacou por sua obra e pela luta feroz por suas ideias, consideradas contrárias à mentalidade da era escravocrata e segregacionista em que ela vivia.

A princípio, tomou a decisão de apoiar a causa abolicionista e dedicou parte significativa de sua vida a atividades socioeducativas voltadas para crianças, principalmente crianças negras que haviam sido abandonadas após a aprovação da Lei do Ventre Livre em 1871.

Depois, até seu falecimento em 1919, ela estendeu seus projetos às mulheres trabalhadoras pobres ou socialmente marginalizadas, bem como os necessitados e órfãos.

A escritora Anália foi uma peça muito importante à análise para a defesa da igualdade étnica, da educação gratuita e aberta, da mudança do sistema educacional e do combate ao patriarcalismo por meio da profissionalização da mulher e de sua participação na sociedade, colocando-a em posição de igualdade com os homens e dando-lhes autonomia.

Em suas obras literárias, ela sempre enfatizou o valor da educação para todos os brasileiros e o empoderamento das mulheres para torná-las independentes, principalmente em relação aos papéis socialmente prescritos de mãe e esposa. Anália também expressou consistentemente sua posição política e social sobre as questões do dia.

Uma outra diferença entre os inciativas sociais de Anália Franco é que ela sempre buscou educar e não apenas acomodar os funcionários. Assim, buscava a educação, a formação profissional e o desenvolvimento da possibilidade de aprender, desenvolver-se e construir uma vida única.

Eles foram incluídos na sociedade dessa maneira para que também possam fazer parte dela. Isso resultou não apenas na formação teórica desses indivíduos, mas também na transformação de sua realidade.

Fachada de shopping nomeado em homenagem a educadora Anália Franco imagoi
Fachada de shopping nomeado em homenagem a educadora Anália Franco

Revista Álbum das Meninas

Anália Emília Franco fundou sua própria revista, em 30 de abril de 1898, nomeada “Álbum das Meninas”, uma publicação literária e educacional dirigida às jovens brasileiras.

A revista seguiu publicando até metade de 1901 – mesmo ano em que foi fundada a Associação Feminina Beneficente e Instrutiva – continha obras literárias como romances que eram publicados em edições. Uma parte significativa do conteúdo foi criada apenas por Anália, com a ajuda de outros colaboradores.

Para a época, o que diferenciada a revista das outras era o foco nas mulheres pobres, marginalizadas e/ou negras, que não eram representadas em outros títulos como em “A Mensageira”, tendo como exemplo. Além disso, o “Álbum das Meninas” incentivou muito a leitura, que pode ter descoberto novos talentos femininos.

Para mais, em alguns exemplares, Anália Franco faz uma súplica diretamente aos pais, destacando a necessidade de investirem na educação dos filhos e no ano letivo completo para que aprendam mais do que apenas ler e escrever. Ela também apela ao público para o apoio a educação pública e usou exemplos internacionais de sucesso, como creches francesas, para tornar seu argumento ainda mais forte.

“A Nossa Apatia Mental”, última publicação de Anália Franco, contêm um texto no qual expressou seu desejo de contribuir com a educação, alfabetização, a profissionalização e a literatura. Com isso, o jornal foi visto como um exercício para a AFBI e um divulgador de seus próximos projetos.

Religião

Anália Franco não atribuiu um componente religioso aos seus projetos, apesar de vir de uma família católica e mais tarde ser considerada possivelmente considerada espírita. A educadora defendia a liberdade e a tolerância uma vez que acolhia crianças e mulheres de todas as religiões e instituições.

Ela continuou sendo alvo porque as pessoas acreditavam que ela era uma associada ao espiritismo. Jornais católicos daquela época não lhe pouparam críticas, chamando seu trabalho de “perigoso para o sentimento religioso das crianças “. Sob outra perspectiva, os espíritos impulsionaram seus planos e ela se tornou conhecida na comunidade por sua compaixão e amor pelos penúltimos.

Jovens costurando em oficina do Lar Anália Franco imagoi
Jovens costurando em oficina do Lar Anália Franco

 

Capa do livro que conta a história de Anália Franco imagoi
Capa do livro que conta a história de Anália Franco

 

Referências: Wikipédia e Imagoi