GLORIA PEREZ – COM A PALAVRA, A AUTORA | – LEDA NAGLE
Glória Maria Rebelo Ferrante, mais conhecida como Glória Perez (Rio Branco), é uma escritora, roteirista, produtora e autora brasileira, de ascendência italiana e portuguesa. Em 2010, Perez ganhou o Prêmio Emmy Internacional de melhor telenovela por seu trabalho em Caminho das Índias. Glória também ficou conhecida por ser a mãe da atriz Daniella Perez, que foi assassinada durante as produções de De Corpo e Alma, uma novela de sua autoria.
Nome completo: Glória Maria Rebelo Ferrante
Pseudônimo(s): Glória Perez
Nascimento: 25 de setembro de 1948 (71 anos)
Naturalidade: Rio Branco, AC
Nacionalidade: brasileira
Etnia:
- ítalo-brasileira
- luso-brasileira
Progenitores:
Mãe: Maria Augusta Rebelo Ferrante
Pai: Miguel Jerônimo Ferrante
Cônjuge
- Luiz Carlos Saupiquet Perez (c. 1969; div. 1984)
- Carlos Magnus da Costa (c. 1985; div. 2012)
Filho(s): Daniela Perez + 2
Alma mater: Universidade Federal do Rio de Janeiro
Ocupação:
Roteirista Escritora Produtora Autora
Período de atividade: 1983–presente
Principais trabalho:
- Barriga de Aluguel
- “De Corpo e Alma”
- Explode Coração
- Hilda Furacão
- “O Clone”
- América
- Caminho das Índias
- Salve Jorge
- A Força do Querer
Glória Perez – Vida Vivida
Prêmios: Emmy Internacional por Caminho das Índias (2009)
Biografia
Nascida em Rio Branco, no Acre, Gloria é filha do advogado Miguel Jerônimo Ferrante e da professora Maria Augusta Rebelo Ferrante, ambos nascidos e criados em Rio Branco. Sua mãe era oriunda de uma família de ascendência portuguesa, sendo filha de um piauiense com uma cearense, os quais deixaram o Nordeste em busca de uma vida melhor em Rio Branco. Seu pai era filho de italianos, que vieram para o Brasil, mais especificamente para São Paulo, em busca de trabalho. Seu avô paterno era um italiano que trabalhava como operário mecânico, e que fugiu da Capital Paulista por ter sido denunciado por envolvimento com o movimento anarquista. Ao chegar no Acre, conheceu a avó de Glória, uma viúva italiana recém-chegada ao Brasil, com quatro filhos pequenos. Após alguns meses juntos, casaram-se, e tiveram o pai de Glória e mais dois filhos. Glória tem um único irmão chamado Saulo, que é médico.
Revela ter tido uma infância simples, onde nadava em rios e subia em árvores, mas que sempre gostou muito de ler e escrever e era dedicada aos estudos. Aos 15 anos, sua família mudou-se para a recém-construída capital federal para que ela pudesse continuar estudando, pois em sua cidade natal só havia escolas até o ginásio. Em Brasília, cursou o ensino médio em escola pública e entrou para a Universidade de Brasília (UnB), onde cursou 3 anos de Direito, abandonando o curso em 1968, quando a universidade foi invadida por militares. Na época, queria cursar História, mas seu pai não a deixou se mudar sozinha para o Rio de Janeiro, onde tinha parentes paternos, só conseguindo se mudar um ano depois, já com o noivo, o qual conheceu em Brasília. No Rio, prestou vestibular e passou, mas só formou-se em História pela UFRJ após o nascimento dos filhos. A autora chegou a cursar mestrado em História do Brasil, também na UFRJ, mas nāo chegou a defender sua tese. Durante sua elaboração, aceitou o convite de Janete Clair e optou pela carreira na televisão.
Em 1969, após um ano vivendo juntos, casou-se com o engenheiro Luiz Carlos Saupiquet Perez (1940-1994), falecido de leucemia. O casal teve três filhos: Daniella (1970-1992), Rodrigo (1972) e Rafael (1977-2002). Gloria e Luiz Carlos se divorciaram em 1984. No mesmo ano começou a namorar o advogado Carlos Magnus Costa, e em 1985 casaram-se, mas em 2012 divorciaram-se.
Duas tragédias abalaram a vida de Gloria : Sua filha, Daniella Perez, que na época tinha apenas 22 anos e trabalhava como atriz em uma novela que Gloria escrevia, De Corpo e Alma, foi brutalmente assassinada à punhaladas em 28 de dezembro de 1992 pelo colega de trabalho Guilherme de Pádua e por sua esposa Paula Thomaz; Rafael, seu filho caçula, portador de Síndrome de Down, morreu aos 25 anos, em 28 de novembro de 2002, vítima de infecção intestinal generalizada, após uma cirurgia em Brasília.
A tragédia que ocorreu com Daniella e o medo de que os réus fossem beneficiados pela justiça foi o que moveu a autora em uma campanha apoiada pela grande mídia que recolheu mais de um milhão de assinaturas, resultando na inclusão do homicídio na Lei dos Crimes Hediondos.
Gloria tem quatro netos, filhos de Rodrigo, que é casado. Em 2009 enfrentou outro drama: descobriu ter um linfoma, um tipo de câncer, e passou todo esse mesmo ano realizando cirurgias e sessões de quimioterapia, além de ter precisado consumir vários medicamentos regularmente. Felizmente, se curou da doença.
Vida profissional
O início de fato de sua carreira se deu em 1983, quando colaborou com Janete Clair, em Eu Prometo. Com o falecimento da autora titular, Gloria assumiu a responsabilidade e levou a história até o fim, com supervisão de texto de Dias Gomes. No ano de 1979, Gloria já havia trabalhado na TV como pesquisadora de texto ao lado de Ana Maria Magalhães na telenovela Memórias de amor, por sugestão do autor da telenovela Wilson Aguiar Filho, que é primo de Gloria Perez.
No ano seguinte, assinou com Aguinaldo Silva uma parceria para a telenovela Partido Alto, primeira novela de ambos como autores-titulares. Em 1984 apresentou a sinopse de Barriga de Aluguel, tema polêmico e desconhecido na época. O projeto ficou na gaveta por ser considerado “fantasioso” e “inverossímil” . Gloria foi para a TV Manchete, onde escreveu a novela Carmem, um projeto de José Wilker, então diretor artístico da Casa. A novela conseguiu altos índices de audiência, chegando a superar a Rede Globo. Devido ao sucesso, a autora voltou à sua antiga emissora para escrever a minissérie Desejo, tendo grande êxito.
Em 1990 foi ao ar, finalmente, a novela Barriga de Aluguel. A trama, que conseguiu grande sucesso, teve seu término após 243 capítulos, sendo uma das maiores novelas em número de capítulos.
Em 1992, Gloria lançou De Corpo e Alma, marcada pelo assassinato de sua filha, a atriz Daniella Perez, cometido pelo colega de cena, Guilherme de Pádua. Gloria teve de tirar uma folga de 15 dias, e declarou que só voltou a escrever “para continuar vivendo” e manter a sanidade apesar do trauma.
Em 1995, Gloria levou ao ar Explode Coração, uma trama que falava sobre a internet e as novas possibilidades que ela abria para a humanidade, incluindo a de promover encontros improváveis: no caso da novela, a de um politico importante e uma garota cigana, protagonizada por Tereza Seiblitz. Uma das curiosidades dessa novela é que Gloria criou um programa muito semelhante ao Skype, que ainda estava longe de existir, através do qual os protagonistas se conheciam. Além disso, na abertura, Hans Donner antecipa Steve Jobs mostrando uma tela touch screen.
Em 1998, escreveu a minissérie Hilda Furacão, protagonizada por Ana Paula Arósio, Danton Mello e Rodrigo Santoro, baseada no romance de Roberto Drummond (vivido por Danton Mello na minissérie). No mesmo ano, Gloria escreveu um episódio para a série Mulher, que retratava um tema também pouco discutido e polêmico: o intersexo.
No fim de 1998, Gloria assinou o remake de Pecado Capital, baseado na novela original de Janete Clair. Entre 2001 e 2002 escreveu o grande sucesso O Clone, exibido pela Rede Globo entre os mesmos anos, e que falava da experiência de clonar um ser humano, contrapondo os valores do ocidente desafiando e querendo tomar o lugar de Deus na fabricação da vida, e aos valores da sociedade muçulmana. Em 2012, quando a maior feira de televisão do mundo – MIPCOM – selecionou os 50 programas mais importantes dos últimos 50 anos, O Clone foi o único programa brasileiro incluído na lista. Além disso, a mesma teve uma versão latina nos Estados Unidos, chamada El Clon, realizada pela Telemundo.
Em 2003, Gloria criou o seriado A Diarista, que foi ao ar no mesmo ano como especial de fim de ano. Obtendo grande sucesso, a série entrou para a grade oficial da Rede Globo em abril de 2004, desta vez escrita por Aloísio de Abreu e Bruno Mazzeo.
Em 2005, escreveu a telenovela América, que tratava do drama dos brasileiros obcecados pelo “sonho americano”, que se entregavam nas māos dos coyotes para tentar atravessar a fronteira através do México e tentar a vida nos Estados Unidos.
Em 2007, lançou a minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes, que mostrou a história do Acre e seus povos e revelou como o local se tornou um território brasileiro através da luta de sua gente.
Em 2009, Gloria lançou a telenovela Caminho das Índias, que teve como temática a cultura indiana. No mesmo ano, foi considerada pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.Caminho das Índias foi a primeira novela brasileira a ganhar um Emmy Internacional de melhor novela.
Em outubro de 2012, estreou Salve Jorge, que teve como tema o tráfico internacional de pessoas. A novela falou do drama dos brasileiros traficados e escravizados no exterior, atraídos por tentadoras propostas de trabalho. A novela até hoje é considerada um sucesso pelo público e critica, se tornando um fenômeno.
No início de 2013, Gloria também se destacou com a minissérie O Canto da Sereia, na qual supervisionou o texto.
Uma marca das novelas de Gloria Perez são as campanhas de alcance social que ela introduz em suas tramas: Crianças desaparecidas, dependentes químicos, saúde mental, tráfico humano, etc. A campanha contra as drogas de O Clone, foi premiada nos Estados Unidos, pelo FBI e pelo DEA.
Totia Meireles , Eliane Giardini, Roberto Bonfim, Juliana Paes, Rodrigo Lombardi, Elizângela, Nívea Maria, Christiane Torloni, Edson Celulari, Dira Paes, Bruno Gagliasso, Cleo Pires, Murilo Rosa, Stenio Garcia, Jandira Martini, Humberto Martins, Vera Fischer, Francisco Cuoco, Renée de Vielmond, Reginaldo Faria, Neuza Borges, Caco Ciocler, Daniela Escobar, Antonio Calloni, Cissa Guimarães, Victor Fasano, Eri Johnson, Paula Pereira, Odilon Wagner e Sílvia Buarque além de Mara Manzan (falecida em 2009), Guilherme Karan (falecido em 2016), Eva Todor (falecida em 2017) e Beatriz Segall (falecida em 2018) são presenças constantes nos trabalhos da autora.
Em 2013, Glória anuncia que escreveu uma série sobre um serial killer que teria a direção de Amora Mautner (que posteriormente deixou a produção para se dedicar à nova telenovela de João Emanuel Carneiro, sendo assumido por Mauro Mendonça Filho) e teria o título provisório de Dupla Identidade. Para fazer a série que estreou em setembro de 2014, trabalha com base em conversas com psiquiatras e especialistas em perfis psicológicos. Além disso criou um blog em que publica o que pesquisa para a série.
Em 2017, Gloria volta ao horário nobre com A Força do Querer, sob a direção de Rogério Gomes. A telenovela abordou a transexualidade e o amor bandido. Uma curiosidade sobre Gloria Perez, é que ela é a única autora que escreve seus trabalhos sem a ajuda de colaboradores, “sonho não se divide, não conseguiria sentar com um time de seis e sete pessoas e decidir que rumo aquela história vai tomar“.
Homenagens e dedicações
Gloria foi homenageada pela Prefeitura, ao dedicarem seu nome em uma escola estadual em Rio Branco-AC, onde a autora nasceu. Denominada ESCOLA ESTADUAL GLÓRIA PEREZ.
Filmografia
Novelas
Eu Prometo: 1983 / colaboradora de Janete Clair / Rede Globo
Partido Alto: 1984 / Autora com Aguinaldo Silva / Rede Globo
Carmem: 1987 / Autora / Rede Manchete
Barriga de Aluguel: 1990 / Autora / Rede Globo
De Corpo e Alma: 1992 / Autora / com Gilberto Braga e Leonor Bassères / Rede Globo
Explode Coração: 1995 / Autora / Rede Globo
Pecado Capital: 1998 / Autora / Rede Globo
O Clone: 2001 / Autora / Rede Globo
América: 2005 / Autora / Rede Globo
Caminho das Índias: 2009 / Autora / Rede Globo
Salve Jorge: 2012 / Autora / Rede Globo
A Força do Querer: 2017 / Autora / Rede Globo
Sem Informações: 2021 / Autora / Rede Globo
Séries e minisséries
Desejo: 1990 / Autora Principal / Rede Globo
Hilda Furacão: 1998 / Autora Principal / Rede Globo
A Diarista: 2004 / Autora Principal / Rede Globo
Amazônia, de Galvez a Chico Mendes: 2007 / Autora Principal / Rede Globo
O Canto da Sereia: 2013 / Supervisora com George Moura, Patrícia Andrade e Sérgio Goldenberg / Rede Globo
Dupla Identidade: 2014 / Autora Principal / Rede Globo
Eu, a Vó e a Boi: 2019 / Autora Principal com Miguel Falabella e Eduardo Hanzo / Rede Globo
Prêmios
1996
Prêmio Contigo! – destaque do ano: Explode Coração
1998
Troféu APCA – grande prêmio da crítica: Hilda Furacão
TV Press – melhor série: Hilda Furacão
TV Press – melhor autora
2001|2002
Prêmio INTE – melhor telenovela: O Clone
Prêmio INTE – melhor autora
Prêmio Qualidade Brasil RJ – melhor telenovela: O Clone
Prêmio Qualidade Brasil RJ – melhor autora
TV Press – melhor autora
TV Press – melhor telenovela: O Clone
Prêmio Contigo! – melhor telenovela: O Clone
Prêmio Contigo! – melhor autora
Troféu Imprensa – melhor telenovela: O Clone
Troféu Internet (SBT) – melhor telenovela: O Clone
2005
Brazilian Awards – homenagem especial: América
Prêmio Extra de Televisão – melhor telenovela: América
2007
Prêmio Qualidade Brasil – melhor projeto especial de teledramaturgia: Amazônia, de Galvez a Chico Mendes
2009
Emmy Internacional – melhor telenovela: Caminho das Índias
Prêmio Qualidade Brasil – melhor telenovela: Caminho das Índias
Prêmio Qualidade Brasil – melhor autora
Prêmio Extra de Televisão – melhor telenovela: Caminho das Índias
Poptevê – melhor telenovela: Caminho das Índias
TV Press – melhor telenovela: Caminho das Índias
Prêmio Contigo! – melhor telenovela: Caminho das Índias
Prêmio Contigo! – melhor autora
Troféu Imprensa – melhor telenovela: Caminho das Índias
Troféu Internet (SBT) – melhor telenovela: Caminho das Índias
2017
Troféu APCA – melhor telenovela: A Força do Querer
Prêmio F5 – melhor telenovela: A Força do Querer
Troféu Imprensa – melhor telenovela: A Força do Querer
Troféu Internet (SBT) – melhor telenovela: A Força do Querer
Prêmio Contigo! – melhor telenovela: A Força do Querer
Prêmio Extra de Televisão – melhor telenovela: A Força do Querer