Lélia Gonzalez

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Lélia Gonzalez, pesquisadora e militante negra

Nome: Lélia Gonzalez
Nasceu: 1 de fevereiro de 1935 – Belo Horizonte, Minas Gerais
Signo: Aquário
Altura:  1,62m Aprox.
Peso: 75kg Aprox.
Fortuna:
Olhos: Pretos escuros
Calçado:  37 Aprox.
Nacionalidade: Brasileira
Criança: 1
Cônjuge/Esposa ou marido: Luiz Carlos Gonzalez Vicente Marota
Ocupações: Autora
Faleceu: 10 de julho de 1994 (59 anos) – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

Vida Pessoal

Lélia Gonzalez nasceu em Belo Horizonte no dia 1 de fevereiro de 1935 e faleceu no Rio de Janeiro em 10 de julho de 1994. Lélia foi uma autora, professora, intelectual, filósofa, política e antropóloga brasileira. Foi também a pioneira em estudos voltados para cultura negra no Brasil e cofundadora do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro (IPCN-RJ), do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Olodum.

Toda sua trajetória de trabalho abraça a luta contra o racismo estrutural, a desigualdade de gênero ligada à raça com o perspectiva do feminismo negro e a compreensão de democracia racial, que em princípio caracterizaria o Brasil.
A autora também ficou famosa por ter elbarodo os conceitos de “amefricanidade” e “pretuguês”.

Biografia

Nascida em Belo Horizonte, filha do ferroviário Accacio Joaquim de Almeida e de Urcinda Serafim de Almeida, empregada doméstica indígena. Lélia era a penúltima de 18 irmãos e entre eles o futebolista Jaime de Almeida, ex-jogador do Flamengo. O pai veio a falecer quando ela era ainda era criança. A autora se mudou para o Rio de Janeiro no ano de 1942.

No começo de sua jornada no Rio, Lélia trabalhou como empregada doméstica e babá. Mesmo com as dificuldades, no ano de 1954, ela conclui os ensino no colégio Pedro II, uma instituição de ensino carioca mais tradicional. Concluiu sua graduação nos curso de História e Filosofia pela Universidade do Estado do Guanabara, atualmente a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Lélia Gonzalez, a mulher que revolucionou o movimento negro imagoi
Lélia Gonzalez, a mulher que revolucionou o movimento negro

A autora também ocupou o cargo de professora da rede pública de ensino. Concluiu seu mestrado em comunicação social. Em seu doutorado se especializou em antropologia política onde dedicava suas pesquisas em etnia e gênero, que foi onde começou a dedicar suas pesquisas. Foi também educadora sobre a cultura brasileira na pontifícia universidade católica do Rio de Janeiro, onde foi líder do setor de Sociologia e Política.

No final da década de 1960, em sua atuação como professora de ensino médio no colégio de aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (UEG, atualmente UERJ), criou um espaço de resistência e crítica político-social com suas aulas de Filosofia, fixando definitivamente os ideais e a ação de seus alunos.

No ano de 1976, no mesmo período em que Lélia Gonzalez se tornou professora na escola de artes visuais do Parque Lage, foi convidada pelo diretor Rubens Gerchman para lecionar o curso de cultura negra. Ofereceu ajuda na fundação de instituições como o Movimento Negro Unificado (MNU), o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), o Coletivo de Mulheres Negras N’Zinga e o Olodum.

Seu ativismo em defesa da mulher negra fez o levar ao Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), onde sua atuação durou de 1985 a 1989. Se tornou candidata a deputada federal pelo PT mas não foi elegida mas ficou como primeira suplente.
Em 1986, nas eleições posteriores, se candidatou a deputada estadual pelo PDT, onde outra fez acabou não se elegendo e mantendo-se como suplente.

Google homenageia Lélia Gonzalez, pesquisadora e militante negra imagoi
Google homenageia Lélia Gonzalez, pesquisadora e militante negra

Seus escritos, simultaneamente a travessia do cenário de uma política ditadora e da emergência em movimentos sociais,
são reveladores das múltiplas inclusões e identificam sua incessante preocupação na articulação de lutas mais amplas da sociedade com a necessidade específica voltada aos negros e, em especialmente das mulheres negras.

Alex Ratts registra em seu texto, publicado em 2010, sobre Lélia Gonzalez, um ponto que é bastante discutido até hoje no movimento negro no Brasil: a saúde mental e física de militantes. Lélia foi vítima de um infarto em sua casa no Cosme Velho, na cidade do Rio de Janeiro. A autora faleceu no dia 11 de julho de 1994.

Trabalho e ideias

Gonzalez captou a ideia forçada e falsa de democracia racial quando seu marido, Luiz Carlos Gonzalez, suicidou-se. A motivação do acontecimento teria sido os constantes atritos que tinha com sua família (de natureza espanhola) em razão de seu relacionamento com uma mulher negra,  Lélia.

Esse conflito fez com que Lélia refutasse: “ora, como pode ter havido o fim do racismo com a miscigenação, como defendia Gilberto Freyre? Como é possível que vivamos uma democracia racial?” Para a ativista, essa ideia é danosa e mascara toda a  discriminação racial que acontece. Na busca de conforto, se apoiou ao candomblé e na psicanálise. Fez um estudo sobre o psicanalista francês Jacques Lacan.

Lélia, uma figura de extrema importância ao movimento feminista negro imagoi
Lélia, uma figura de extrema importância ao movimento feminista negro

“Amefricanidade e pretuguês”

Um dos conceitos que se tornou mais conhecido de Gonzalez é o de “amefricanidade”. Se trata da constituição de uma identidade afro-latino-americana. Faz-se “o resgate das bases indenitárias, de etnias que foram espalhadas e apagadas à força, numa diáspora”. Relaciona-se a diáspora africana, que se refere à migração coagida de africanos pelo tráfico negreiro para a América.

“Ontem como hoje, amefricanos oriundos dos mais diferentes países têm desempenhado um papel crucial na elaboração dessa Amefricanidade que identifica, na Diáspora, uma experiência histórica comum que exige ser devidamente conhecida e cuidadosamente pesquisada”. — Lélia Gonzalez

“A amefricanidade será mais efetiva quando o pretuguês também fizer parte desse reconhecimento e da disseminação do conhecimento, sem ignorar sua existência e quanto constitui a identidade do Brasil. Nesse sentido, as contribuições da intelectual brasileira foram significativas para se pensar novas bases da epistemologia, ou seja, do conhecimento a partir das etnias marginalizadas. Perceber a profunda presença da colonização é se instrumentalizar para descolonizar nossos saberes e identidades” — Hennemann, Natasha; Lessa, Fabiana (2022).

Legado

A meio de outras homenagens, Lélia Gonzalez se tornou nome de algumas instituições como de uma escola pública estadual no bairro de Ramos, no Rio de Janeiro, de um centro de referência de cultura negra situado em Goiânia, do coletivo de alunos do curso de relações internacionais da Universidade de São Paulo (USP), de uma cooperativa cultural, em Aracaju.

Recebeu uma homenagem também do bloco afro Ilê Aiyê durante duas edições do Carnaval baiano, no ano de 1997, como parte do enredo “Pérolas negras do saber”, e no ano de 98, com Candaces.

Márcio Meirelles, dramaturgo, escreve e encena no ano de 2003, a peça teatral Candaces – A reconstrução do fogo, baseada em sua obra. Em 2010, houve a criação do prêmio Lélia Gonzalez pelo governo da Bahia, afim de estimular políticas públicas com foco para as mulheres nos municípios baianos.

Gonzalez em ato de protesto imagoi
Gonzalez em ato de protesto

Angela Davis, filósofa estadunidense, ao fazer uma visita no Brasil em 2019, disse que os brasileiros precisam ter um  reconhecimento maior sobre sua própria pensadora Lélia Gonzalez, uma das pioneiras em discussões relacionadas entre gênero, classe e raça no mundo. “Por que vocês precisam buscar uma referência nos Estados Unidos? Eu aprendo mais com Lélia Gonzalez do que vocês comigo”, resumiu Angela Davis.

A Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), em 2020, instituiu o prêmio Lélia Gonzalez de manuscritos científicos sobre raça e política afim de estimular a conclusão de trabalhos de pesquisadoras(es) pretas(os) e pardas(os) quanto as desigualdades, identidades e discriminações raciais e suas expressões políticas.

“Como dito anteriormente, Lélia Gonzalez sabia da importância da comunicação e do poder da palavra para chegar aos grupos aos quais pertencia. A figura dela tornou-se emblemática por tratar-se de alguém que vivenciou mazelas e que superou obstáculos para chegar a lugares que são difíceis para pessoas como ela. Ter voz acadêmica e ser conhecida popularmente é uma luz na conscientização, mostrando quão significativo é fazer com que pessoas excluídas da sociedade ou marginalizadas percebam a desigualdade que estão envolvidas e, principalmente, percebam que essas estruturas precisam desabar para surgir uma nova sociedade restaurada na afirmação da identidade negra”. — Hennemann, Natasha; Lessa, Fabiana (2022).

Obras
Livros

  • Festas Populares no Brasil. Rio de Janeiro, Índex, 1987.
  • Lugar de Negro (com Carlos Hasenbalg). Rio de Janeiro, Marco Zero, 1982. 115p. p. 9-66. (Coleção 2 Pontos, 3).
  • Por um Feminismo Afro-Latino-Americano. Rio de Janeiro: Zahar.

Ensaios e artigos

  • “Mulher Negra, essa Quilombola.” Folha de S. Paulo, Folhetim. Domingo 22 de novembro de 1981.
  • “A Mulher Negra na Sociedade Brasileira. In: LUZ, Madel, T., org. O lugar da mulher; Estudos sobre a condição feminina na sociedade atual. Rio de Janeiro, Graal, 1982. 146p. p. 87-106. (Coleção Tendências, 1).
  • “Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira.” In: SILVA, Luiz Antônio Machado et alii. Movimentos sociais urbanos, minorias étnicas e outros estudos. Brasília, ANPOCS, 1983. 303p. p. 223-44. (Ciências Sociais Hoje, 2).
  • “O Terror nosso de Cada Dia.” Raça e Classe. (2): 8, ago./set. 1987.
  • “A Categoria Político-Cultural de Amefricanidade.” Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro (92/93): 69-82, jan./jun. 1988.
  • “As Amefricanas do Brasil e sua Militância.” Maioria Falante. (7): 5, maio/jun. 1988.
  • “Nanny.” Humanidades, Brasília (17): 23-5, 1988.
  • “Por um Feminismo Afrolatinoamericano.” Revista Isis Internacional. (8), out. 1988.
  • “A Importância da Organização da Mulher Negra no Processo de Transformação Social.” Raça e Classe. (5): 2, nov./dez. 1988.
  • “Uma Viagem à Martinica – I.” MNU Jornal. (20): 5, out./nov.
Foto de Lélia para entrevista ao jornal El País Brasil imagoi
Foto de Lélia para entrevista ao jornal El País Brasil

 

Entrevista sobre o feminismo dado pela ativista Lélia imagoi
Entrevista sobre o feminismo dado pela ativista Lélia

 

Arte em homenagem a revolucionária Lélia imagoi
Arte em homenagem a revolucionária Lélia

 

Lélia em ato antirracistas imagoi
Lélia em ato antirracistas

 

 

Ativista Lélia em campanha para deputada federal pelo PT imagoi
Ativista Lélia em campanha para deputada federal pelo PT

 

Gonzalez em encontros academicos imagoi
Gonzalez em encontros academicos

 

Lélia Gonzalez em seminários sobre feminismo, em 1982 imagoi
Lélia Gonzalez em seminários sobre feminismo, em 1982

Referências: Wikipédia e Imagoi.